16 de mar. de 2011

Uma sugestão de leitura, prefeito

(Publicado originariamente no primeiro semestre de 2010)

Opa: tem slogan novo no ar, algo como Guarapuava 200 anos, pronta para o futuro. É ao menos o que está descrito no site da Prefeitura. E eu que achava que o futuro seria construído sobre uma boa base do presente. Estava enganado, afinal.
Vejamos apenas dois exemplos: os buracos nas ruas do bairro Santa Cruz voltaram – e nem chuva forte há para poder culpar; e em Entre-Rios, vários trechos urbanos também ostentam panelas, mas, ao que parece, importante mesmo é a Secretaria Municipal de Turismo mandar instalar um portal na entrada da comunidade.
Estes são somente dois e pontuais casos. Daria para citar ainda a enormidade de terrenos baldios sem fiscalização e assim por diante. De fato, estamos diante de um modo peculiar de administrar uma cidade, baseada, digamos, no estilo caudilho e xucro, onde o importante é sair de vez em quando pelas ruas da cidade com um parente desconhecido a tiracolo, tentando torná-lo bem visto pela população (com vistas à eleição), além de circular pelo centro a bordo de seu carro pessoal com um auto de infração de trânsito colado no vidro frontal, resultado de um estacionamento feito sem o devido cartão. Sim, salvo melhor informação, o prefeito de Guarapuava foi multado na quarta-feira (dia 7) pela manhã. Quem almoçou em um conhecido restaurante na rua Brigadeiro Rocha viu o automóvel particular do prefeito ali estacionado, com o referido auto.
O fato é que fico a pensar de onde vem tanta inspiração para mal governar Guarapuava. Deixo duas pistas: no final do século 19, Ebenezer Howard, um urbanista inglês, lançou o livro To-morrow, propondo uma idílica cidade-jardim. Também no século 19, antes de Howard, outro maluco havia propalado ideias extravagantes sobre vivência em sociedade, o filósofo francês Charles Fourier, com seus falanstérios.
Melhor faria o chefe do Executivo local se dedicasse tempo à obra do historiador americano Lewis Mumford, chamada A cidade na história. Demoraria um pouquinho para dar cabo no livro (são 700 páginas) mas seria um tempo muito bem empregado e que lhe proporcionaria algumas sugestões de como parar de tapar o Sol com a peneira.

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