16 de mar. de 2011

Um fiasco, um chapéu alheio e uma frase sábia

(Publicado originariamente no segundo semestre de 2010)

Dois leitores da coluna enviaram informações interessantes nos últimos dias. Não sei se verdadeiras, mas que cabem reprodução aqui, dado o peculiar momento em que vive Guarapuava: o primeiro deles disse-me que, dias atrás, um certo candidato a deputado estadual (irmão, aliás, de um ex-deputado estadual com base eleitoral em Guarapuava e que renunciou ao mandato no ano passado) esteve no distrito da Palmeirinha, para fazer um discurso à noite. Montado o palco, notou-se que a plateia não ultrapassava a marca de 10 pessoas, cabos eleitorais não contabilizados, claro. Um fiasco, em suma.
O outro leitor apontou que, domingo desses, o prefeito de Guarapuava subiu em um palanque na região que divide os bairros Bonsucesso e Conradinho e prometeu asfalto em várias ruas daquele pedaço da cidade. Detalhe: o palanque em questão havia sido estruturado para um comício do mesmo candidato, filho do prefeito, aliás. Sim, ao que tudo indica, o candidato estava fazendo festa com o chapéu alheio, já que, até onde se sabe, o mesmo não exerce cargo público na Prefeitura.
E por falar em cargo público, lembrei do seguinte. Não faz muito e o Diário de Guarapuava publicou uma série de entrevistas com concorrentes a deputado estadual e a federal que tenham base no município. Apenas um candidato não quis conceder entrevista. Adivinhe quem? Sim, o filho do prefeito, alegando problemas na agenda. Fiquei a pensar por quais razões um sujeito que quer exercer um mandato público não quis falar com o Diário, em uma excelente oportunidade de finalmente contar a todos quais propostas públicas têm a apresentar. A explicação provável é que o referido candidato não deve ter proposta séria alguma. Ou mesmo proposta de qualquer natureza, exceto a de se beneficiar e a contemplar politicamente seus apoiadores mais diretos.
Tornar deputado um sujeito assim pode ser a confirmação de que boa parte da sociedade quer apenas é pão e circo. Certa vez, quando criança, vi um muro pichado com a frase 'cada povo tem o governo que merece'. É impressionante quanta sabedoria comporta uma única frase. E é impressionante quanta engambelação pode conter um slogan eleitoral como 'confiança no futuro'. Mintendi?

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