29 de mar. de 2011

Guarapuava tem dois sargentos Garcia

Preguiçoso, o sargento Garcia entrou para a história da TV e do Cinema como um fanfarrão. Não sem razão, já que era de uma incompetência notória. Nos últimos dias, uma declaração infeliz do procurador geral da Prefeitura de Guarapuava, Luciano Batista, me fez lembrar do sargento Garcia, aquele que sempre tentava, atrapalhadamente, prender o Zorro.
Pois o procurador, acerca da segunda tentativa de efetuar um concurso publico, andou dizendo à Imprensa local que, diante das suspeitas de novas irregularidades no concurso, ira falar com o promotor publico e perguntar a ele quais são as ilegalidades, para que seja possível equacioná-las. Em uma frase só, Batista admitiu duas inoperâncias suas, da sua unidade administrativa e de seu chefe imediato, o prefeito Fernando Carli.
A primeira delas é que o procurador se mostra preguiçoso, pois precisa recorrer ao promotor para descobrir quais são, na sua seara (a Prefeitura), os galhos podres. De quebra, admitiu que o concurso tem irregularidades e que as poderia ter resolvido antes – e não o fez.
O que sobre é algo mais ou menos assim: o problema, na visão do procurador Batista, não é ter irregularidades. O problema é o promotor (que cumpre sua função) apontá-las. Este brilhante raciocínio do procurador já havia sido utilizado por um diretor da Surg (a companhia viária da cidade), quando da instalação daquele histriônico monumento ao cavalo do tenente Diogo de Azevedo Portugal, na avenida Manoel Ribas. Questionado sobre a situação de perigo que o tapume em torno da obra (em andamento à época) estava causando aos motoristas, tal diretor saiu com essa: o tapume não é o caso, mas sim a falta de atenção dos motoristas. Mais elementar do que isso, impossível. Tontos, na visão do sujeito da Surg, eram os motoristas. É, o páreo é duro: quem é o sargento Garcia de Guarapuava? O procurador ou o diretor da Surg?
E, por falar no cavalo do tenente, dia desses me ocorreu que a obra parece ter sido inspirada em algum quadro de Henri de Toulouse-Lautrec, um pintor francês do seculo 19 desvairado que adorava desenhar figuras com corpos desproporcionais.
Só que Lautrec era um gênio, enquanto que quem criou o cavalo (e pôs o tenente a contragosto, de tão pequeno que foi esculpido) parece ser um mero vassalo do prefeito de Guarapuava, que deve se acabar de tanto prazer paranoico toda vez que cruza em frente à mais simbólica das obras de sua administração, ficando frustrado somente por não ter conseguido ainda subir no cavalo e (carrancudo e sob aplauso de dois ou três asseclas) gritado 'touché!', enquanto seu filho mais novo tenta desesperadamente acender um rojão para comemorar mais um gesto doidivanas do chefe dos sargentos Garcia.

Um comentário:

  1. Genial. Se formos ver bem, tem muitos outros sargentos Garcias na cidade, no Estado ou no país.Tem de montão.
    O que nos falta mesmo são os Zorros.

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