14 de abr. de 2011

O deizão da cachaça

Manhã de quinta-feira, 14 de abril de 2011, em uma conhecida lotérica do centro de Guarapuava, perto da rua XV: um senhor aparentando 60 anos se aproxima da moça que cuida de um dos caixas do estabelecimento e, cartão bancário em punho, pede à ela que lhe informe o saldo de sua conta. Em um tom de voz alto o suficiente para que todos da fila ouvissem, ela diz: 'o senhor tem R$ 1.097,00 na conta'. Um pouco espantado com a informação tornada pública (já que todos passaram a lhe olhar), o senhor pede que ela retire R$ 50 da conta. 'Que tal o senhor pegar R$ 60 e jogar deizão no bolão?', propõe a atendente.
Educado, o interlocutor agradece mas com uma negativa. 'Mas por qual razão não?', insiste a moça. 'E que tal cincão?', completa, para, em seguida, receber outra negativa. 'Mas só cincão, vá lá', insiste. Ainda que sorridente, ele nega outra vez a disposição em jogar. 'Pra jogar não tem, mas deizão para a cachaça o senhor sempre tem, né!', afirma a atendente, com a maior naturalidade possível, com a autoridade, liberdade e poder de juízo sabe-se lá de onde para taxar aquele senhor de bêbado.
A cena, obviamente lamentável, é bastante simbólica quanto a indicar o modo de tratar clientes por parte de alguns segmentos do comércio de Guarapuava, sobretudo naqueles em que a concorrência inexiste ou é minguada. Vai um bolão aí de cincão? Ou de deizão?

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