22 de nov. de 2011

Vai uma pimentinha aí, Acig?

Semanas atrás, a Associação Comercial e Industrial de Guarapuava, a Acig, lançou a campanha 'Guarapuava: eu vivo aqui, eu compro aqui'. Logo escrevi que era uma campanha meramente paternalista e que a entidade, na realidade, deveria se preocupar em estimular a formação de um comércio mais capacitado a atender o público e suas expectativas, aí incluindo cumprimento de prazos por parte dos comerciantes, por exemplo. 


Pois não é que nem a Acig acredita na sua própria campanha? Um leitor bastante atento de Circulando enviou e-mail ao blog informando que a revista oficial da Acig é impressa em outra cidade. Em Londrina!


Decididamente, pimenta nos olhos dos outros é refresco. A Acig que o diga. Que explicação razoável a entidade deve ter para lançar uma campanha assim e não realizar a tarefa de casa, preferindo prestigiar (para utilizar um chavão do comércio assistencialista) uma empresa de Londrina?


Dito isso, conto o que segue para reforçar minhas palavras primeiras: no começo de setembro, comprei um móvel em uma respeitável loja do centro da cidade. Na cópia do pedido que recebi, dizia que a peça seria entregue em 30 dias. Deixei um cheque aos cuidados da gerência, no valor exato da compra. Um mês depois, nada da entrega. Nada de satisfação alguma sobre as razões do atraso. Quase dois meses depois, depois de alguma insistência em obter algum retorno confiável, a loja informou que somente uma parte do móvel (composto de madeira e vidro) havia sido entregue pelo fabricante. E que não havia previsão para a chegada do restante.


Mas, ainda que estivesse com atraso no prazo prometido (e sem perspectiva confiável de resolver o caso), eis que tiro um extrato da minha conta bancária e descubro que, claro, a loja havia descontado o cheque no prazo inicial - ainda que, reitero, nada de entregar o móvel. Ligo lá e solicito a devolução do dinheiro. A atendente diz que a gerente vai retornar minha ligação. Obviamente, a gerente não o faz. Horas depois, já na sede da empresa, a mesma gerente informa que (quanta coincidência) a parte complementar do móvel havia acabado de chegar.


Três dias depois (ou seja, um mês após a previsão inicial e 20 dias após haver recebido pagamento), a entrega finalmente se dá. Ou melhor, quase se deu: na hora da entrega, verifica-se que a loja havia encomendado a peça com as medidas erradas. Só então depois desta nova trapalhada é que a loja resolveu devolver a quantia paga. Por estes dias, a mesma gerência andou informando que o móvel com as dimensões corretas deve chegar em breve. São Tomé já está na soleira da porta esperando.


E esta é apenas uma das mancadas sobre as quais a Acig deveria se debruçar, pois são recorrentes em boa parte do comércio local. Mas, antes disso, a entidade deve trocar seu telhado de vidro, caso ainda queira depositar algum crédito na sua própria campanha. 

2 de nov. de 2011

Na Câmara de Guarapuava, só o circo


O cenário é bastante claro e o restante, conversa fiada: a sessão desta segunda-feira, 31, da Câmara de Vereadores acabou se tornando um fiasco para o Parlamento local, com vereadores respeitáveis lavando as mãos, vereadores sob suspeita absolutamente calados (a expressão de Sadi Federle dizia tudo) e vereadores amorfos sendo... amorfos. Não fosse isso o suficiente, um não soube nem debater com a plateia (Gilson Amaral), outro conseguiu ser vaiado ao extremo (Elcio Melhem) e terceiro (integrante do rol de investigados, João Napoleão) presidindo a sessão – fato que talvez tenha sido o acontecimento mais escandaloso da tarde, muito mais do que o inexplicável chilique que o próprio Napoleão teve para com a colega Eva.
Foram 60 minutos vergonhosos. Melhem comparou Admir Strechar (o vereador detido) a Jesus Cristo. Não bastasse ter encarnado o papel de Pôncio Pilatos, ainda aconselhou Napoleão a abrir as portas do Legislativo para o público que estava lá fora – fazendo preencher o auditório para bem além da sua capacidade, o que contraria qualquer regra de segurança (aliás, onde estava o comando da PM naquele momento, que permitiu isso?). A PM, ao final, teve a patética atitude de postar uma linha de policiais para isolar os vereadores do restante da população, quando a dispersão já havia ocorrido. Vai entender: concordância para com um auditório lotado e firmeza na hora de proteger os parlamentares (como se alguém fosse tentar algo...).
Sobre a Roma Antiga, há quem diga que um dos Césares dava pão e circo à população. Na Câmara de Guarapuava, boa parte dos vereadores só oferta o circo.